I, too, dislike it: there are things that are important beyond all this fiddle.
….Reading it, however, with a perfect contempt for it, one discovers in
….it, after all, a place for the genuine.
…….Hands that can grasp, eyes
…..that can dilate, hair that can rise
……….if it must, these things are important not because a
high-sounding interpretation can be put upon them but because they are
….useful. When they become so derivative as to become unintelligible,
….the same thing may be said for all of us, that we
….do not admire what
….. we cannot understand: the bat
…….. holding on upside down or in quest of something to
eat, elephants pushing, a wild horse taking a roll, a tireless wolf under
….. a tree, the immovable critic twitching his skin like a horse
….that feels a flea, the baseball
…fan, the statistician −
….nor is it valid
……..to discriminate against “business documents and
school-books”; all these phenomena are important. One must make a distinction
…..however: when dragged into prominence by half poets, the result is not poetry,
….nor till the poets among us can be
…“literalists of
…..the imagination” − above
……..insolence and triviality and can present
for inspection, “imaginary gardens with real toads in them,” shall we have
…..it. In the meantime, if you demand on the one hand,
….the raw material of poetry in
… all its rawness and
….that which is on the other hand
………..genuine, you are interested in poetry
Tradução de Mário Faustino:
Eu também não gosto lá muito dela: há coisas mais importantes
………………… que toda essa charanga.
Lendo-a, todavia, com o mais perfeito desdém, a gente acaba
…………………….descobrindo
nela, afinal de contas, um lugar para o genuíno.
…….Mãos que podem apertar, olhos
…….que se podem dilatar, cabelo capaz de eriçar-se
…………..se for preciso, tais coisas são importantes não porque uma
grandiloquente interpretação lhes possa ser aposta mas
…………………porque são
úteis. E se ficam tão derivativas que chegam a ser
……………………….ininteligíveis,
…….o mesmo se poderá dizer de qualquer um de nós, que não
…………..admiramos aquilo que
…………..não podemos compreender: o morcego
…………………pendurado de cabeça para baixo ou em busca de algo
……………………….que
comer, os elefantes empurrando, um cavalo selvagem se espojando,
…………………incansável lobo debaixo de
uma árvore, o crítico estacionário encolhendo a pele como um
…………………cavalo picado por um mosquito, o fan de base-
…….ball, o estatístico ―
…………..e nem está direito
…………………discriminar contra “documentos comerciais e
livros escolares”; todos esses fenômenos são importantes. A gente
……………………….deve fazer uma distinção
…….contudo: quando eles são arrastados à preeminência por semipoetas,
……………………….o resultado não é poesia,
…….e nem ― até que os poetas dentre nós possam ser
…………..“literalistas da
…………..imaginação”, acima
…………………do insolente e do trivial e possam apresentar a quem
quiser inspecionar, jardins imaginários contendo sapos de verdade ―
……………………….é que ela será
…….nossa. Enquanto isso, se você exigir por um lado
…….a matéria-prima da poesia
…………todo o seu primarismo e
…………aquilo que é por outro lado
…………….genuíno, então você se interessa por poesia.
(Poesia completa e traduzida; organização de Benedito Nunes. São Paulo, 1985)
(Ilustração: Elisa Riemer)
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