"De tudo fica um pouco. (...)
este vidro de relógio
partido em mil esperanças. (...)
De tudo fica um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo."
Carlos Drummond de Andrade
Nós ainda não tínhamos atravessado a baía
e adivinhávamos
céus, luas,
um pouco de riso, um pouco de dor.
Tudo apressava o nosso amor
às longas noites
de Paquetá.
Quanto tempo faz?
Uma toalha bordada,
o paredão de concreto,
pernas trémulas de medo
e a ansiedade
na intermitência do cansaço.
Cadê o menino esbelto com lentes grossas
escavando mentiras
no gozo dos afagos?
Um brinde à moça da madrugada e às
mordidas do primeiro amor,
folhetim de canções
vividas com vagar
na vacilante e quente areia de Paquetá!
(Ilustração: Benedito Calixto - Ilha de Paquetá)
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