Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém. Nem eu,
pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
(Ilustração: Francisco de Goya y Lucientes - retrato do escritor Gaspar Melchor de Jovellanos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário