Vêm da cama até o varal,
Nuas as duas tais pessoas,
Suas vestes ao vendaval,
Lavadas ao frio das garoas.
Dos diferentes e dos iguais,
Nus, franca sensualidade,
Despudores pelos varais,
O gozo na reciprocidade.
A infração como consenso,
Calcinhas, cuecas no varal,
Reich, afrodisíaco dissenso,
Curvas, o encaixe natural.
Libido que vale é respeito,
Dois ou +, todos anuentes,
A vontade do outro é limite,
Para na boca, coxa, peito,
Se Quasímodo ou Afrodite,
Se jasmins ou serpentes.
A ousadia ousa e alterna,
Lóbulos, barriga da perna,
O religare pela matéria,
A devassidão combinada,
Largas vontades e artérias.
Então, retorna-se ao varal,
Onde se excita a memória,
Como dizia Hegel seminal,
Amor é dialética e glória,
Abandonar-se em empatia,
Ávidos gineceu e androceu,
Trocados em quem se fia,
Se era um, já se esqueceu.
Os varais de toda a cidade,
Exibem lúbricos segredos,
Ocultos pela pior sociedade,
Varais varam o céu diverso,
Validam afetos em verso,
Recusam tabus e medos,
Ensinam ao vento da tarde,
Que sexo bom é socialista,
É tesão comum que arde,
Faz todo mundo ser artista.
(Ilustração: Piet Mondrian - Broadway boogie woogie - 1942)
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