O Som se oculta no
Lenho da madeira,
Cordas de piano, mesa
De bar, corpo de cristal
Ou vidro ordinário,
Se esconde, o Som, nos
Másculos do corpo, couro
Do tamborim, no
Stradivarius, ossário
Dos animais carnívoros
Ou não.
Em silêncio o Som
Aguarda que o libertem
Da matéria bruta ou
Manufaturada, para
Expressar sua angústia,
Melodia, ruído, linguagem
Áspera, doce, requintada,
Basta um leve toque
No atabaque, da baqueta
Na pele tensionada
Do surdo para que
Ele, o Som, rompa a
Mortalha e vibre no ar
O ritmo do samba sincopado.
Ele, o Som, grita quando
A porta bate forte no
Batente e se desespera
Quando mãos desajeitadas
Foram, dele o irritante
Arranhar de lixa polindo
A ferrugem dos cascos
Dos navios.
O Som implora que
Todos o tratem com
A delicadeza de um
João Gilberto.
(Ilustração: Heitor dos Prazeres - o flautista e o ritmista)
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