Apareço nesta noite como um sol de asas
Venho dos polos desmaiados e das florestas em brasa
Quando ardo sou uma espécie que agoniza
Quando sorrio é porque a grande árvore floresce
Anunciam-me os reis guardados e estamos num gueto
Mulheres descalças de seios de vento me embalam
Sou o beijo que elas já não pedem
O calor de seus ventres sem enredo
A cidade sonhada, o país estrelado, o lar aquecido,
O primeiro e o último filho
Sou a lanterna do cão sem olhos
Novos livros me inventam, revoluções me transformam
Mas passo pelos corredores do mar
Como um navio eterno
E a minha linguagem é a beleza das estrelas
Que atravessa os séculos
Sou o menino sagrado que riscou o céu
Para a paz sem riscos
... a chama secreta que acenderá as lareiras
das casas do inverno.
(Ilustração: Harry Holland - falling)
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