Coitado do meu filho!
Vai pra escola
Muda de escola
Sucedem-se mudanças para novos postos
Novos carimbos nos papéis de matrícula
No quadro negro
o professor mexe com algarismos:
− Zwei mal zwei?
− Vier
− Zwei mal vier?
Ach…………….
A resposta se engasga. A voz se some
acabrunhado pela matemática
E lá se vai ele por essas manhãs friorentas
com uma mochila de livros às costas
(como quem vai pr’uma guerra)
Terras novas Muito sol Bandeira ao vento
No pátio del Colégio a professora rege o coro:
− …si mañana en tu solo sagrado…
A almazinha do meu filho
vai se compondo e decompondo
com pedaços de pátrias misturadas
De noite
a gente recolhe os pensamentos
com um cansaço internacional
− Pai!
− O que é que tu queres meu filho?
Ele achega-se a mim com um abraço carinhoso:
− Pai!
Conta mais uma vez
como é que era mesmo o Brasil
(Putirum, s/d.)
(Ilustração: Tarsila do Amaral - Estrada de Ferro Central do Brasil)
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