Ritraggete poi me da l’altra parte,
come vedrete ch’io sono in effetto:
viva senz’alma e senza cor nel petto
per miracol d’Amor raro e nov’arte;
quasi nave che vada senza sarte,
senza timon, senza vele e trinchetto,
mirando sempre al lume benedetto
de la sua tramontana, ovunque parte.
Ed avvertite che sia ‘l mio sembiante
da la parte sinistra afflitto e mesto;
e da la destra allegro e trionfante:
il mio stato felice vuol dir questo,
or che mi trovo il mio signor davante;
quello, il timor che sarà d’altra presto.
Tradução de Sérgio Duarte:
Fazei depois também o meu retrato,
Como vereis que sou na realidade:
Sem alma e coração, pela vontade
Do milagroso Amor, que não combato.
Sou nave sem comando ou imediato
Sem vela ou mastro, em meio à tempestade,
Buscando essa bendita claridade
Que em toda parte aponta o rumo exato.
E prestai atenção que meu semblante
Seja do lado esquerdo aflito e incerto
E do direito, alegre e triunfante;
A dupla face exprimirá, decerto,
Tanto o prazer de estar com meu amante
Quanto o temor de que outra ande por perto.
(Ilustração: Bonifazio de'Pitati / Bonifazio Veronese)
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