quinta-feira, 13 de agosto de 2020

WINTER: MY SECRET / INVERNO: MEU SEGREDO, de Christina Rossetti

 



I tell my secret? No indeed, not I;

Perhaps some day, who knows?

But not today; it froze, and blows and snows,

And you’re too curious: fie!

You want to hear it? well:

Only, my secret’s mine, and I won’t tell.



Or, after all, perhaps there’s none:

Suppose there is no secret after all,

But only just my fun.

Today’s a nipping day, a biting day;

In which one wants a shawl,

A veil, a cloak, and other wraps:

I cannot ope to everyone who taps,

And let the draughts come whistling thro’ my hall;

Come bounding and surrounding me,

Come buffeting, astounding me,

Nipping and clipping thro’ my wraps and all.

I wear my mask for warmth: who ever shows

His nose to Russian snows

To be pecked at by every wind that blows?

You would not peck? I thank you for good will,

Believe, but leave the truth untested still.



Spring’s an expansive time: yet I don’t trust

March with its peck of dust,

Nor April with its rainbow-crowned brief showers,

Nor even May, whose flowers

One frost may wither thro’ the sunless hours.



Perhaps some languid summer day,

When drowsy birds sing less and less,

And golden fruit is ripening to excess,

If there’s not too much sun nor too much cloud,

And the warm wind is neither still nor loud,

Perhaps my secret I may say,

Or you may guess.



Tradução de Lucas Grosso:



Devo contar meu segredo? Não, de fato;

Um dia, talvez, quem o saberá?

Hoje não: ele congela, assopra, e neva,

És tu, tão curioso: calado!

Queres ouvi-lo? Bem:

Mas é meu segredo, não conto a ninguém.



Ou talvez, enfim, não há nenhum:

Suponha não ter nenhum, entretanto,

Só minha diversão.

Hoje, dia frisante, dia cortante;

Um em que se quer um manto;

Um véu, agasalho ou capa:

Não posso abrir a todo que bata,

E deixar os debuxos soarem em meu recanto;

Vinde a confinar e cercar-me

Vinde assombrar e surrar-me

A beliscar e tosar todos os meus mantos.

Mascaro-me p’ra aquecer: há quem revele seu

nariz nas russas neves

Para ser bicado por toda a brisa que corres?

Não irias tu bicar? Agradeço-te pela boa vontade

Credes, mas deves deixar improvada a verdade.



A primavera é expansiva: ainda duvido

Março a poeira se faz montículo

Nem abril e os arco-íris de suas rápidas chuvas,

Nem mesmo maio, cujas floradas

Podem murchar-se, no escuro das geadas.



Talvez em algum dia de verão indolente,

Quando aves apáticas bem menos cantam

E as frutas douradas sazonam tanto

Sem tanto de nuvens ou de céu luminoso

E o vento não estiver nem calmo ou ruidoso,

Meu segredo, talvez, eu comente,

Ou faze adivinhação.




(Ilustração: Dante Gabriel Rossetti - Christina Rossetti)

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