sábado, 2 de maio de 2020

DOS PÁTRIAS / DUAS PÁTRIAS, de José Martí




Dos patrias tengo yo: Cuba y la noche.

¿O son una las dos? No bien retira

su majestad el sol, con largos velos

y un clavel en la mano, silenciosa

Cuba cual viuda triste me aparece.

¡Yo sé cuál es ese clavel sangriento

que en la mano le tiembla! Está vacío

mi pecho, destrozado está y vacío

en donde estaba el corazón. Ya es hora

de empezar a morir. La noche es buena

para decir adiós. La luz estorba

y la palabra humana. El universo

habla mejor que el hombre.

Cual bandera

que invita a batallar, la llama roja

de la vela flamea. Las ventanas

abro, ya estrecho en mí. Muda, rompiendo

las hojas del clavel, como una nube

que enturbia el cielo, Cuba, viuda, pasa…



Tradução de Olga Savary:



Duas pátrias eu tenho: Cuba e a noite.

Ou as duas são uma? Nem bem retira

sua majestade o sol, com grandes véus

e um cravo à mão, silenciosa

Cuba qual viúva triste me aparece.

Eu sei qual é esse cravo sangrento

que na mão lhe estremece! Está vazio

meu peito, destruído está e vazio

onde estava o coração. Já é hora

de começar a morrer. A noite é boa

para dizer adeus. A luz estorva

e a palavra humana. O universo

fala melhor que o homem.

Qual bandeira

que convida a batalhar, a chama rubra

das velas flameja. As janelas

abro, já encolhido em mim. Muda, rompendo

as folhas do cravo, como uma nuvem

que obscurece o céu, Cuba, viúva, passa. . .




(Poesia completa; Madrid; 2001)



(Ilustração: Amelia Peláez, Mujeres tocando piano, ca. 1940)




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