Soulève ta paupière close
Qu'effleure un songe virginal!
Je suis le spectre d'une rose
Que tu portais hier au bal.
Tu me pris encore emperlée
Des pleurs d'argent de l'arrosoir,
Et, parmi la fête étoilée,
Tu me promenas tout le soir.
Ô toi, qui de ma mort fus cause,
Sans que tu puisses le chasser,
Toutes les nuits
(Tout la nuit) mon spectre rose
À ton chevet viendra danser.
Mais ne crains rien, je ne réclame
Ni messe ni De Profundis,
Ce léger parfum est mon âme,
Et j'arrive du paradis.
Mon destin fut digne d'envie,
Et pour avoir un sort (trépas) si beau
Plus d'un aurait donné sa vie;
Car sur ton sein j'ai mon tombeau,
(Car j'ai ta gorge pour tombeau,)
Et sur l'albâtre où je repose
Un poète avec un baiser
Écrivit: «Ci-gît une rose,
Que tous les rois vont jalouser.»
Tradução de Maria de Nazaré Fonseca:
Levanta a tua pálpebra fechada
Tocada por um sonho virginal!
Eu sou o espectro de uma rosa
Que tu, no baile, usaste na noite passada.
Tu me colheste ainda com pérolas,
Do chuveiro de prata refrescada,
E entre a festa estrelada
Tu me passeaste toda a noite.
Ó tu que da minha morte foste a causa,
Sem que tu possas escapar,
Todas as noites o meu espectro se levantará
E à cabeceira da tua cama virá dançar.
Mas nada receeis, eu não reclamo
Nem missa nem De Profundis,
Esta fragrância é a minha alma
E eu venho do Paraíso.
O meu destino foi digno de inveja,
E para ter uma sorte tão bela
Muitos teriam dado a sua vida,
Porque sobre o teu seio eu tenho o meu Túmulo
E sobre o alabastro onde eu repouso,
Um poeta, com um beijo,
Escreveu: "Aqui jaz uma rosa,
Que todos os reis vão invejar”.
(Ilustração: Valentine Gross - Tamara Karsavina & Vaslav Nijinsky in Le Spectre de la Rose)
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