nenhum rio é como o meu, nem os grandes
rios de água. é de tempo, de enxurradas
de histórias, vidas vividas, encalhadas
nas memórias de pequeno,
o meu rio.
o meu rio? qual rio? simples ribeiro,
precária foz de riachos, inquietas nervuras
na folha verde do vale
o meu rio? destino de passagem
de águas de passagem – eram as calçadas inclinadas da aldeia,
as caminhadas, as corridas, os saltos, os recados,
era o pó que vivia do verão
era o movimento redondo das rodas
eram os passos e compassos dos animais
tudo lavado pelas águas que depois eram o meu rio.
o meu rio? águas passadas
que movem sempre os meus moinhos.
(memórias da terra,
Abril de 2008)
(Ilustração: foto de Fátima
Alves - Rio Grande e usina do Funil ao fundo)
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