Poeta, poetiza teu caminho,
pega, segura com os dedos
da velha musa
o que resta de poesia
na transição da hora que passa.
Cuida bem da inspiração
que se despede por inútil.
Cuidado com o adjetivo:
traiçoeiro, corriqueiro,
se insinua libidinoso,
nu, esfarrapado, sem pudor.
Olha a rima indigente, forçada,
forçando tropeçante.
O verso desvalido, maltrapilho.
A palavra truncada.
O palavrão da moda. O jargão.
A frase feita.
O advérbio desgastado
pedindo esquecimento
e posterior recuperação.
Atenção, muita atenção !
Sem ser chamada - a palavra vulgar,
esmolambada, sabereta
vem, e vem para ficar.
A palavra pobre...
(coitadinha da palavra pobre !)
Também tem o seu direito
de figurar no verso.
Tudo isso, mais um
conteúdo miúdo que seja
e serás Poeta.
(Ilustração: Dino Valls - Mutus Liber)
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