Dans le vieux parc solitaire et glacé
Deux formes ont tout à l’heure passé.
Leurs yeux sont morts et leurs lèvres sont molles,
Et l’on entend à peine leurs paroles.
Dans le vieux parc solitaire et glacé
Deux spectres ont évoqué le passé.
- Te souvient-il de notre extase ancienne?
- Pourquoi voulez-vous donc qu’il m’en souvienne?
-Ton coeur bat-il toujours à mon seul nom?
Toujours vois tu mon âme en rêve? - Non.
–Ah! les beaux jours de bonheur indicible
Où nous joignions nos bouches! - C’est possible.
-Qu’il était bleu, le ciel, et grand l’espoir!
- L’espoir a fui,vaincu, vers le ciel noir.
Tels ils marchaient dans les avoines folles,
Et la nuit seule entendit leurs paroles.
Tradução de Wagner Mourão Brasil:
No solitário e velho parque congelado
Seguidamente duas formas têm passado.
Seus olhos estão mortos, seus lábios, pendidos,
E os seus colóquios mal e mal são percebidos.
No solitário e velho parque congelado
Dois espectros vão recordando o seu passado.
- Tu recordas dos nossos êxtases de outrora?
- Por que quereis que sejam lembrados agora?
- De meu nome o som faz vibrar teu coração?
Sempre vês a minh’ alma nos teus sonhos? – Não.
- Ah! Os belos dias, felicidade indizível
Quando uníamos nossas bocas! - É possível.
- Como era azul o céu, e a esperança, elevada!
- A esperança foi-se na noite, derrotada.
Desse modo seguiam por entre a folhagem
E só a noite fria entendeu a sua parolagem.
Tradução de Onestaldo de Pennafort:
No velho parque frio e abandonado
duas sombras passaram, há bocado.
Dos olhos mortos, seus lábios, tristes, pendem
e as palavras que dizem mal se entendem.
No velho parque frio e abandonado,
dois espectros evocam o passado.
– Recordas-te do nosso enlevo, outrora?
– Para que queres que me lembre agora?
– Ainda, se ouves meu nome, o coração
te bate? Ainda me vês em sonho? – Não.
– Ai, o bom tempo de êxtase indizível
em que as bocas unimos! – É possível.
– Como era azul o céu e esperançoso!
– A esperança se foi no céu umbroso.
Tais, pela relva trêmula seguiam
e só a noite ouviu o que diziam.
Tradução de Guilherme de Almeida:
No velho parque frio e abandonado
Duas formas passaram, lado a lado.
Olhos sem vida já, lábios tremendo,
Apenas se ouve o que elas vão dizendo.
No velho parque frio e abandonado,
Dois vultos evocaram o passado.
– Lembras-te bem do nosso amor de outrora?
– Por que é que hei de lembrar-me disso agora?
– Bate sempre por mim teu coração?
Vês sempre em sonho minha sombra? – Não.
– Ah! aqueles dias de êxtase indizível
Em que as bocas se uniam! – É possível.
– Como era azul o céu, e grande, o sonho!
– Esse sonho sumiu no céu tristonho.
Assim por entre as moitas eles iam,
E só a noite escutou o que diziam.
Tradução de Paulo Azevedo Chaves:
Num parque solitário e gelado
Um casal caminhava apressado.
O olhar era vazio, cada boca, uma cava
E o que diziam bem mal se escutava.
Num parque solitário e gelado
Dois vultos relembravam o passado.
– Lembras-te de nosso amor, amigo?
– Tolice... um caso já tão antigo!
– Nada restou de tua paixão?
Nunca pensas em mim? – Não.
– O êxtase era indescritível
A cada beijo. – É possível.
Nunca pensas em mim? – Não.
– O êxtase era indescritível
A cada beijo. – É possível.
– O céu era claro, parecia belo o futuro.
– O futuro envileceu, o céu ficou escuro.
Assim iam eles pelas aleias, de olhar fito,
E só a noite escutou o que foi dito.
(Ilustração: Jacques de Gheyn the Elder - Vanitas still life)
– O futuro envileceu, o céu ficou escuro.
Assim iam eles pelas aleias, de olhar fito,
E só a noite escutou o que foi dito.
(Ilustração: Jacques de Gheyn the Elder - Vanitas still life)
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