terça-feira, 10 de setembro de 2013

AN ANCIENT GESTURE / UM GESTO ANTIGO, de Edna St. Vincent Millay








I thought, as I wiped my eyes on the corner of my apron:
Penelope did this too.
And more than once: you can’t keep weaving all day
And undoing it all through the night;
Your arms get tired, and the back of your neck gets tight;
And along towards morning, when you think it will never be light,
And your husband has been gone, and you don't know where, for years.
Suddenly you burst into tears;
There is simply nothing else to do.

And I thought, as I wiped my eyes on the corner of my apron:
This is an ancient gesture, authentic, antique,
In the very best tradition, classic, Greek;
Ulysses did this too.
But only as a gesture, — a gesture which implied
To the assembled throng that he was much too moved to speak.
He learned it from Penelope...
Penelope, who really cried.


Tradução de Carlos Machado:


Pensei, enquanto secava os olhos na ponta do avental:
Penélope também fez isto.
E mais de uma vez: não podes seguir tecendo o dia inteiro
e desfazendo tudo durante a noite.
Os braços se cansam, e a nuca se enrijece.
E a manhã se aproxima, quando pensas que nunca haverá luz,
e teu marido partiu, faz anos, não sabes para onde.
De repente, explodes em lágrimas;
não há outra coisa a fazer.

E pensei, enquanto secava os olhos na ponta do avental:
este é um gesto remoto, autêntico, antigo,
na melhor tradição clássica, grega.
Ulisses também fez isto.
Mas apenas como um gesto — um gesto que indicava
à plateia, que ele estava muito comovido para falar.
Aprendeu com Penélope...
Penélope, que realmente chorava.




(Ilustração: Francesco Primaticcio - Odysesus und Penelope)



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