And nodding by the fire, take down this book,
And slowly read, and dream of the soft look
Your eyes had once, and of their shadows deep;
How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false or true,
But one man loved the pilgrim soul in you,
And loved the sorrows of your changing face;
And bending down beside the glowing bars,
Murmur, a little sadly, how Love fled
And paced upon the mountains overhead
And hid his face among a crowd of stars.
(Publicado em The Rose, em 1893)
Tradução de José Agostinho Baptista:
Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
Tradução de Adriano Nunes:
Quando fores velha e triste e cansada,
E em ordem co' o fogo, pega este livro
E lê lentamente, e lembra o olhar vivo
Que tinhas, e da sombra aprofundada.
Amaram-te dias de graça grácil,
E teu fulgor co' amor falso ou sincero,
Mas amou-te um ser n'alma o destempero,
E as mágoas da tua face volátil.
E curvando-te à grade incandescente,
Murmura, amarga, como o amor fugiu
E seguiu monte acima, a subir sempre
E a face em grupos d'astros encobriu.
Tradução de Bezerra de Freitas:
Quando fores velhinha, de cabelos brancos e cheia de sono,
Cabeleando junto ao fogo, toma este livro,
Lê-o vagarosamente e sonha com o doce brilho
Que teus olhos tinham outrora e com as suas sombras carregadas;
Muitos adoraram os teus instantes de graça juvenil,
E amaram a tua beleza com amor dissimulado ou verdadeiro;
Mas, um homem amou as amarguras que o teu rosto estampava.
E, reclinada sobre as barras incandescentes,
Recordarás, um pouco tristonha, o amor que fugiu
E atravessou as altas montanhas
Ocultando a face por entre miríades de estrelas.
Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos:
Quando já fores velha, e grisalha, e com sono,
Pega este livro: junto ao fogo, a cabecear,
Lê com calma; e com os olhos de profundas sombras
Sonha, sonha com o teu antigo e suave olhar.
Muitos amaram-te horas de alegria e graça,
Com amor sincero ou falso amaram-te a beleza;
Só um, amando-te a alma peregrina em ti,
De teu rosto a mudar amou cada tristeza.
E curvando-te junto à grade incandescente,
Murmura com amargura como o amor fugiu
E caminhou montanha acima, a subir sempre,
E o rosto em multidão de estrelas encobriu.
Tradução de Paulo Vizoli:
Quando velha e grisalha e exausta ao fim do dia
Tu cabeceares junto ao fogo, vem folhear
Lentamente este livro, e lembra o doce olhar
E as sombras densas que nos olhos teus havia;
Quantos, com falsidade ou devoção sincera,
Amaram-te a beleza e a graça da menina!
Um só, porém, amou tua alma peregrina,
E amou as dores desse rosto que se altera.
E junto às brasas, inclinando-se sobre elas,
Murmura, um pouco triste, como o amor distante
Passou por cima das montanhas adiante
E escondeu sua face entre um milhão de estrelas.
Tradução de Jorge Wanderley:
Quando estiveres grisalha e com sono,
Dormitando ante o fogo, lê meu livro
Bem lentamente e lembra o sensitivo
Olhar que tinhas de suave abandono.
Muitos amaram tuas alegrias,
Tua beleza; mas só num culmina
O amor por tua alma peregrina
E a mágoa que teu rosto pressentia.
Reclina-te ante as chamas; e que ao vê-las
Lamentes, triste Amor - que te deixou
Pelos montes mais altos que encontrou
E o rosto disfarçou entre as estrelas.
Tradução de Áquila Teófilo:
Quando fores velha, cinza e letárgica,
Toma este livro, junto ao fogo, vacilante,
Lê-o lenta, sonhando com o olhar deleitante
Dos olhos de outrora, e suas sombras, trágica;
Muitos teus feitos de doce graça amaram,
E amaram-te bela, em estima falsa ou genuína,
Mas um homem amou em ti a alma peregrina,
E amou as tristezas que o teu rosto mudaram;
E inclinada sobre barras de metal cintilantes,
Murmura, triste, o amor que de ti fugiu
E galgando as altas montanhas partiu
E recolheu o seu rosto nas estrelas abundantes.
Tradução de Ferreira Gullar:
Quando já fores velha e grisalha, e com sono
Cochiles frente ao fogo, abre este livro e lê-o
Com vagar e relembra o olhar que era o teu,
Suave, pleno de sombras, luzes e abandono.
Muitos amaram os teus momentos de alegria,
Outros, fingindo ou não, amaram-te a beleza;
Mas um somente soube amar tua tristeza
E essa alma inquieta que em teu rosto refletia.
E curvando-te junto às brasas mas sem vê-las,
Triste, dirás a ti que o Amor fugira
Para sempre se foi, à montanha subira,
E ocultara afinal seu rosto entre as estrelas.
Tradução de Maverico:
Quando fores grisalha e velha e exausta,
Junto à lareira, pega estes escritos
E, lendo aos poucos, sonha os tão bonitos
Olhos de outrora e a sombra que os contrasta.
Quantos te amaram quando eras menina
E, falsos ou sinceros, teu encanto...
Mas um só amou tua alma peregrina
E a dor de teu rosto que muda tanto...
E se inclinando à brasa incandescente,
Murmure, um pouco triste, Amor que esvai-se
E escala a cordilheira mais à frente
E em meio a mil estrelas vela a face.
Tradução de Pedro Mohallem:
Quando pesar-te o cinza do cabelos,
Jazendo ao pé do fogo, lentamente
Abre este livro, e encontra o brilho ausente
Dos olhos teus, e as sombras a envolvê-los;
Quantos, de amor falso ou sincero, amaram
O encanto e a graça do alto de teus dias...
Mas um amou-te a alma fugidia,
Teu triste rosto e as linhas que o marcaram;
E, inclinando-te junto das centelhas,
Murmura tristemente o Amor perdido
No cimo de algum monte, ora escondido
Entre a montanha a multidão de estrelas.
(Ilustração: Jean Bally)
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