Tanto gentil e tanto onesta pare
la donna mia quand'ella altrui saluta,
ch'ogne lingua deven tremando muta,
e li occhi no l'ardiscon di guardare.
Ella si va, sentendosi laudare,
benignamente d'umilta' vestuta;
e par che sia una cosa venuta
da cielo in terra a miracol mostrare.
Mostrasi si' piacente a chi la mira,
che da' per li occhi una dolcezza al core,
che 'ntender non la puo' chi no la prova;
e par che de la sua labbia si mova
uno spirito soave pien d'amore,
che va dicendo a l'anima: Sospira.
Tradução de Augusto de Campos:
É tão gentil e tão honesto o ar
de minha Dama, quando alguém saúda,
que toda boca vai ficando muda
e os olhos não se afoitam de a fitar.
Ela assim vai sentindo-se louvar
na piedosa humildade em que se escuda,
qual fosse um anjo que dos céus se muda
para uma prova dos milagres dar.
Tão afável se mostra a quem a mira
que o olhar infunde ao coração dulçores
que só não sente quem jamais olhou-a.
E quando fala, dos seus lábios voa
Uma aura suave, trescalando amores,
que dentro d'alma vai dizer: "Suspira!"
Tradução de Arduíno Bolivar:
É tão gentil e tão honesto o ar
Da minha Dama, sempre que aparece
E a outrem saúda, que ante ela emudece
Toda língua, e ninguém ousa falar.
Ela se vai sentindo-se louvar,
Vestida de humildade, e até parece
Coisa que lá do Céu à terra desce
A fim de a todos maravilhar.
Mostra-se tão graciosa a quem a mira,
Que nos filtra através do olhar no seio,
Um dulçor que só entende quem o prova.
Parece que do seu lábio se mova
Um suspiro suave, de amor cheio,
Que vai dizendo a toda alma: suspira.
(Vita Nova)
(Ilustração: Francesco Hayez)
Olá, Isaias:
ResponderExcluirProcuro pela tradução de Guilherme de Almeida, considerada por muitos (incluindo Augusto Meyer) a melhor em português, até pelo esforço de manter a rima e por não cair no 'erro' comum de traduzir "labbia" por lábio, comum entre 90 dos 100 tradutores ao redor do mundo.