sexta-feira, 1 de abril de 2011

EL BELLO NIÑO / O MENINO BONITO, de Fina Garcia Marruz






Tú sólo, bello niño, puedes entrar a un parque.
Yo entro a ciertos verdes, ciertas hojas o aves.

Tú sólo, bello niño, puedes llevar la ropa
ausente del difunto, distraída y remota.

La rapa dibujada, el sombrero del ave.
Tú sólo en ese reino indisoluble y grave

has tocado la magia de lo exterior, las cosas
indecibles. Yo llevo la rapa maliciosa

del que de muerte sabe y de amarga inocencia.
Tú no sabes que tienes toda posible ciencia.

Mas ay, cuando lo sepas, el parque se habrá ido,
conocerás la extraña lucidez del dormido,

y por qué el sol que alumbra tus álamos de oro
los dora hoy con palabras y días melancólicos.




Tradução de Alai Garcia Diniz e Luizete Guimarães Barros:



Só você, menino bonito, pode entrar num parque.
Eu entro em certos campos, em certas folhas ou em aves.

Só você, menino bonito, pode levar a roupa
ausente do defunto, distraída e remota.

A roupa desenhada, o chapéu da ave.
Só você nesse reino indissolúvel e grave

tocou a magia do exterior, as coisas
indizíveis. Eu levo a roupa maliciosa

de quem sabe da morte e da amarga inocência.
Você não sabe que tem toda a ciência possível.

Mas ai! quando o saiba, o parque estará destruído,
você conhecerá a estranha lucidez do adormecido,

e por que o sol que ilumina seus álamos dourados
hoje os tinge de ouro com palavras e dias melancólicos.



(Las miradas perdidas, 1951)





(Ilustração: Emil Nolde – child in large bird)




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