sábado, 9 de outubro de 2010

SE EU DANÇASSE AGORA, de Rita Brant






Se eu dançasse agora

Colocaria meus pés a meia altura do chão

Balançaria meus braços numa demonstração louca de quem imita os pássaros

Giraria em círculos como a biruta que saboreia os ventos

Torceria meu tronco como se ondulasse em mim um vivo arame flexível

Juntaria minhas mãos em prece e, sem a menor pressa, as levaria a apontar mil e uma estrelas

Mostraria meus seios, sem receio, para revelar meu desejo de refletir-me em luas

Viraria a cabeça para perceber de quantos ângulos se compõe o mosaico do mundo

Agitaria minhas ancas num variado frenesi alimentado por moléculas alegres

Lançar-me-ia inteira na beira de minha própria eira que se dobra neste agora





(Ilustração: Martin Eder – me girl)


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