Se eu dançasse agora
Colocaria meus pés a meia altura do chão
Balançaria meus braços numa demonstração louca de quem imita os pássaros
Giraria em círculos como a biruta que saboreia os ventos
Torceria meu tronco como se ondulasse em mim um vivo arame flexível
Juntaria minhas mãos em prece e, sem a menor pressa, as levaria a apontar mil e uma estrelas
Mostraria meus seios, sem receio, para revelar meu desejo de refletir-me em luas
Viraria a cabeça para perceber de quantos ângulos se compõe o mosaico do mundo
Agitaria minhas ancas num variado frenesi alimentado por moléculas alegres
Lançar-me-ia inteira na beira de minha própria eira que se dobra neste agora
(Ilustração: Martin Eder – me girl)
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