O jornal em vez de ser um sacerdócio, tornou-se um meio para os partidos, e de um meio passou a ser um negócio. Não tem fé nem lei. Todo jornal é, como disse Blondet, uma loja onde se vendem ao público palavras da cor que deseja. Se houvesse um jornal dos corcundas, haveria de provar noite e dia a beleza, a bondade, a necessidade dos corcundas. Um jornal não é feito para esclarecer, mas para lisonjear as opiniões. Desse modo, todos os jornais serão, dentro de algum tempo, covardes, hipócritas, infames, mentirosos, assassinos. Matarão as idéias, os sistemas, os homens, e, por isso mesmo, hão de tornar-se florescentes. Terão a vantagem de todos os seres pensantes: o mal será feito sem que ninguém seja o culpado. Eu serei – eu, Vignon -, vocês serão, tu Lousteau, tu Blondet, tu Finot -, Aristides, Platões, Catões, homens de Plutarco; seremos todos inocentes, poderemos lavar-nos as mãos de toda infâmia. Napoleão explicou a causa desse fenômeno moral – ou imoral, como quiserem – numa frase sublime que lhe foi inspirada pelos seus estudos sobre a Convenção: “Os crimes coletivos não comprometem ninguém”. O jornal pode permitir-se o procedimento mais atroz, ninguém se julga pessoalmente conspurcado por isso.
(As Ilusões Perdidas; trad.: Ernesto Pelanda e Mário Quintana)
(Ilustração: Balzac; autoria não identificada)
Li esse livro, Ilusões perdidas, ano passado. Muito bom. 0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000,
ResponderExcluirCaro Isaias,
li esse livro de Balzac,"Ilusões Perdidas", não faz muito tempo.Excelente livro.
Sobre o jornal é o como diz o ditado: Jornal serve pra informar e pra embrulhar"; e tem também aquela frase corriqueira que diz que médicos e advogados acham que são deuses, já os jornalistas tem certeza.
Muito legal o seu blog; parabéns!
Abraços poéticos.
PS: Vou te seguir pra redontar esse número de seguidores de bom gosto.
Caro Isaias,
ResponderExcluirli esse livro de Balzac,"Ilusões Perdidas", não faz muito tempo.Excelente livro.
Sobre o jornal é o como diz o ditado: Jornal serve pra informar e pra embrulhar"; e tem também aquela frase corriqueira que diz que médicos e advogados acham que são deuses, já os jornalistas tem certeza.
Acho também interessante essa parte do livro: "Ser jornalista é passar a procônsul na república das letras. Quem tudo pode dizer chega a tudo fazer! Esta máxima é de Napoleão, e é fácil de compreender." (Balzac- Ilusões Perdidas).
Muito legal o seu blog; parabéns!
Abraços poéticos.
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