Textos, apenas textos, literários e poéticos, históricos e filosóficos, dramáticos e humorísticos; narrativos, descritivos ou dissertativos; de autores de todos os cantos do mundo...
sábado, 30 de dezembro de 2023
HOMEM SOLTEIRO, RAIVOSO, HÉTERO... PROCURA SEMELHANTES: A HOMOFOBIA COMO DESEJO REPRIMIDO, de Jesse Bering
quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
EŠER / SE, de Can Yücel
o kadar da önemli değildir bırakıp gitmeler, arkalarında doldurulması
mümkün olmayan boşluklar bırakılmasaydı eğer.
dayanılması o kadar da zor değildir, büyük ayrılıklar bile, en güzel yerde başlatılsaydı eğer.
utanılacak bir şey değildir ağlamak, yürekten süzülüp geliyorsa gözyaşı eğer
yüz kızartıcı bir suç değildir hırsızlık, çalınan birinin kalbiyse eğer.
korkulacak bir yanı yoktur aşkların,
insan bütün derilerden soyunabilseydi eğer.
o kadar da yürek burkmazdı alışılmış bir ses, hiçbir zaman duyulmasaydı eğer.
daha çabuk unuturdu belki su sızdırmayan sarılmalar, kara sevdayla sarıp sarmalanmasalardı eğer.
belirsizliğe yelken açardı iri ela gözler zamanla, öylesine delice bakmasalardı eğer.
çabuk unutulurdu ıslak bir öpücüğün yakıcı tadı belki de kalp, göğüs kafesine o kadar yüklenmeseydi eğer.
yerini başka şeyler alabilirdi uzun gece sohbetlerinin, son sigara yudum yudum paylaşılmasaydı eğer.
düşlere bile kar yağmazdı hiçbir zaman,
meydan savaşlarında korkular, aşkı ağır yaralamasaydı eğer.
su gibi akıp geçerdi hiç geçmeyecekmiş gibi duran zaman, beklemeye değecek olan gelecekse sonunda eğer.
rengi bile solardı düşlerdeki saçların zamanla, tanımsız kokuları yastıklara yapışıp kalmasaydı eğer.
o büyük, o görkemli son, ölüm bile anlamını yitirirdi, yaşanılası her şey yaşanmış olsaydı eğer.
o kadar da çekilmez olmazdı yalnızlıklar, son umut ışığı da sönmemiş olsaydı eğer.
bu kadar da ısıtmazdı belki de bahar güneşleri,
her kaybedişin ardından hayat yeniden başlamasaydı eğer.
kahvaltıdan da önce sigaraya sarılmak şart olmazdı belki de, dev bir özlem dalgası meydan okumasaydı eğer.
anılarda kalırdı belki de zamanla ince bel,
namussuz çay bile ince belli bardaktan verilmeseydi eğer.
uykusuzluklar yıkıp geçmezdi, kısacık kestirmelerin ardından, dokunulası ipek ten bir o kadar uzakta olmasaydı eğer.
ıssız bir yuva bile cennete dönüşebilirdi belki de, sıcak bir gülüşle ısıtılsaydı eğer.
yoksul düşmezdi yıllanmış şarap tadındaki şiirler böylesine, kulağına okunacak biri olsaydı eğer.
inanmak mümkün olmazdı her aşkın bağrında bir ayrılık gizlendiğine belki de, kartvizitinde ‘onca ayrılığın birinci dereceden failidir’ denmeseydi eğer.
gerçekten boynunu bükmezdi papatyalar, ihanetinden onlar da payını almasaydı eğer.
ıssızlığa teslim olmazdı sahiller,
kendi belirsiz sahillerinde amaçsız gezintilerle avunmaya kalkmamış olsaydın eğer.
sen gittikten sonra yalnız kalacağım. yalnız kalmaktan korkmuyorum da, ya canım ellerini tutmak isterse...
evet sevgili,
kim özlerdi avuç içlerinin ter kokusunu, kim uzanmak isterdi ince parmaklarına,
mazilerinde görkemli bir yaşanmışlığa tanıklık etmiş olmasalardı eğer!!
Tradução de Leonardo da Fonseca:
não é importante deixar e ir
se não houver uma lacuna atrás
é impossível preencher.
já as grandes separações não são difíceis de enfrentar,
se elas começassem nos mais belos lugares.
chorar não é algo do que se deva ter vergonha, se as lágrimas viessem do coração
o amor não tem nada a temer
se alguém pudesse se livrar de todas as peles.
uma voz conhecida não deixaria alguém tão chateado,
se nunca fosse ouvida.
a barreira abraça e talvez fosse esquecida mais facilmente,
se não estivesse envolta em amor passional
já os grandes olhos castanhos comandariam a incerteza, se não parecessem tão loucos.
talvez fosse fácil esquecer o gosto quente de um beijo doce, se o coração não apertasse o peito assim tão forte.
o bate papo da noite inteira poderia ser substituído por algo mais,
se o último cigarro não fosse dividido a cada tragada.
já não nevaria nos sonhos,
se os medos não ferissem o amor nas batalhas.
como o fluir das águas, o tempo, ainda que nunca passasse, valeria a espera de um eventual futuro.
a cor do cabelo nos sonhos enfraqueceria com tempo,
se o seu cheiro inexpressível não agarrasse ao travesseiro.
esse abraço, esse esplêndido fim, a morte, perderia seu sentido,
se vivesse cada coisa que vale a pena viver
a solidão não seria assim insuportável,
se não houvesse um último fio de esperança.
o sol da primavera talvez não aquecesse tanto assim,
se a vida não recomeçasse após cada perda.
talvez fumar antes do café não fosse necessário,
se uma onda gigante de saudades não desafiasse.
talvez esse fino tronco restasse em memórias,
se o chá sem vergonha não fosse dado em um copo fino.
a insônia não se destruiria depois de curtos cochilos, se o toque da pele de seda não estivesse tão longe.
uma baía deserta poderia se tornar um paraíso talvez,
se aquecida por um sorriso caloroso.
poemas com gosto de vinho velho não se sentiriam mal, se houvesse alguém pra sussurrar.
talvez não fosse possível acreditar que cada amor esconde uma separação
profunda,
se não houvesse um cartão com uma etiqueta, ‘‘causador número um de
muitas separações’’.
as margaridas realmente não murchariam, se não tivessem culpa de sua traição.
a solidão não seria dada para as praias,
se você não tentasse se consolar com um passeio sem rumo nas areias.
eu vou estar sozinho depois que você for.
e não vou ter medo de ficar sozinho,
mas se quiseres deixar as suas mãos, meu amor...
sim amada,
quem sentiria falta do cheiro de suor de suas palmas, quem iria querer deitar-se ao longo dos seus finos dedos,
se esses olhos não tivessem testemunhado um período esplêndido em seu
passado!!
(EŠER / SE; tradução de Leonardo da Fonseca)
(Ilustração: Fausto Zonaro, 1854-1929: A Woman)
domingo, 24 de dezembro de 2023
O FILÓSOFO E O POETA, de Jean Lauand
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
终南山 / DO MONTE ZHONGNAN, de 王維 / Wang Wei
太乙近天都
连山到海隅
白云回望合
青霭入看无
分野中峰变
阴晴众壑殊
欲投人处宿
隔水问樵夫
Tradução de Ricardo Primo Portugal e Tan Xiao:
obra suprema imitação celeste
cidade aberta entre montanhas mares
as nuvens brancas fecham-se ao olhar
cintilações em verde se dispersam
revolve o pico ao centro aparta estrelas
escuro-claros se desdobram vales
descer e a noite passar entre os homens
ao rio perguntar onde ao lenhador
(Poemas Celestiais: Li Bai, Wang Wei e Yu Xuanji; tradução de Ricardo Primo Portugal e Tan Xiao)
(Ilustração: Montanha Zhongnan, foto da internet, autoria não identificada)
segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
A MAIS TERRÍVEL DE NOSSAS HERANÇAS, de Darcy Ribeiro
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
山中问答 / RESPOSTA NA MONTANHA, de 李白 / Li Bai
问余何意栖碧山
笑而不答心自闲
桃花流水窅然去
别有天地非人间
Tradução de Ricardo Primo Portugal e Tan Xiao:
por que razão morar nestas verdes montanhas
responde só o sorriso o coração sereno
a flor do pessegueiro cai as águas seguem
entrando a um outro mundo além do meio humano
(Poemas Celestiais: Li Bai, Wang Wei e Yu Xuanji; tradução de Ricardo Primo Portugal e Tan Xiao)
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
PRIMEIRO DE ABRIL: NASCIA UM PARAÍSO, de “O Globo”(Editorial de 2/4/1964)
sábado, 9 de dezembro de 2023
LA GRAMÁTICA DE MARCEAU / A GRAMÁTICA DE MARCEAU, de Leonel Alvarado
que sua gramática le viene de Rodin
dice Marcel Marceau. en um
gesto
imperceptible demuestra que
el mimo
es la escultura que se echa
a andar
a la primera palavba de
Dios, sus gestos
son el eco de la voz de un
dios que habla dormido
y que solo los mudos pueden
entender.
así debió ser como los
dioses se entendiam
em la Gran Nada. de esa
forma de mover
el dedo en el aire apareció
la tierra, el diluvio
de una lágrima y de um
bosetzo de Bip los huracanes.
el mimo alarga el brazo para
tocar los pensamientos
de Dios antes de que se
conviertan em varón y hembra
pero em la oscuridad las
cosas son más frágiles y la mano
derriba las lámpadas que
alumbram la inteligência divina
como el enfermo que busca el
vaso de agua em la mesita de noche.
antes del amanecer la hembra
ya se piensa en la costilla
de Marcel y en esa herida
que nunca cicatriza
el mimo pierde y gana el
Paraíso.
Tradução de Adriana Lisboa:
sua gramática vem de Rodin
diz Marcel Marceau. em um
gesto
imperceptível demonstra que
o mímico
é a escultura que se põe a
andar
ante a primeira palavra de
Deus, seus gestos
são o eco da voz de um deus
que fala dormindo
e que só os mudos podem
entender.
devia ser assim que os
deuses se entendiam
no Grande Nada. dessa forma
de mover
o dedo no ar apareceu a
terra, o dilúvio
de uma lágrima e de um
bocejo de Bip os furacões.
o mímico estica o braço para
tocar os pensamentos
de Deus antes que se
transformem em homem e mulher
mas na escuridão as coisas
são mais frágeis e a mão
derruba as lâmpadas que
iluminam a inteligência divina
como o doente que procura o
copo d’água na mesa de cabeceira.
antes do amanhecer a mulher
já se pensa na costela
de Marcel e nessa ferida que
nunca cicatriza
o mímico perde e ganha o
Paraíso.
(Ilustração: foto de Martha Swope: Marcel Marceau na Broadway, 1983)