domingo, 5 de junho de 2016

THE WHITE ROOM / O QUARTO BRANCO, de Charles Simic








The obvious is difficult

To prove. Many prefer

The hidden. I did, too.

I listened to the trees.




They had a secret

Which they were about to

Make known to me —

And then didn't.




Summer came. Each tree

On my street had its own

Scheherazade. My nights

Were a part of their wild




Storytelling. We were

Entering dark houses,

Always more dark houses,


Hushed and abandoned.




There was someone with eyes closed

On the upper floors.

The fear of it, and the wonder,

Kept me sleepless.




The truth is bald and cold,

Said the woman

Who always wore white.

She didn't leave her room much.




The sun pointed to one or two

Things that had survived

The long night intact.

The simplest things,




Difficult in their obviousness.

They made no noise.

It was the kind of day

People described as "perfect."




Gods disguising themselves

As black hairpins, a hand-mirror,

A comb with a tooth missing?

No! That wasn't it.




Just things as they are,

Unblinking, lying mute

In that bright light —

And the trees waiting for the night.





Tradução de Carlos Machado:



O óbvio é difícil de

provar. Muitos preferem

o oculto. Eu também preferia.

Eu escutava as árvores.




Elas guardavam um segredo

que estavam prestes

a me revelar —

e não o fizeram.




Veio o verão. Cada árvore

de minha rua tinha sua própria

Xerazade. Minhas noites

faziam parte de suas histórias




selvagens. Entrávamos

em casas escuras,

casas sempre mais escuras,

silenciosas e abandonadas.




Havia alguém de olhos fechados

nos pisos superiores.

O medo e o fascínio me

mantinham bem desperto.




A verdade é nua e crua,

disse a mulher

que sempre se vestiu de branco.

Ela não saiu muito de seu quarto.




O sol apontava uma ou duas

coisas que tinham sobrevivido

intactas na longa noite.

As coisas mais simples,




difíceis em sua obviedade.

Essas não faziam barulho.

Era um dia do tipo

que as pessoas chamam "perfeito".




Deuses disfarçados de

grampos de cabelo, espelho de mão,

um pente com um dente faltando?

Não! Não era isso.




Apenas as coisas como são,

mudas, imóveis, sem piscar,

naquela luz brilhante —

e as árvores esperando a noite.





(New and Selected Poems 1962-2012)




(Ilustração: John Constable - The Hay Wain)




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